lundi 31 mai 2010

O que houve?

Que aconteceu nas eleições presidenciais de primeiro turno na Colômbia?

Que aconteceu se as pesquisas apontavam um empate técnico entre o candidato governista, J.M. Santos, e o independente A. Mockus? Estavam erradas as pesquisas? Gallup e Ipsos são tão ineficientes assim? ou tem algum jogo políitico por trás que a gente não está sabendo e que de algum modo favoreceu ao candidato uribista?

No Brasil dizem que a tecnologia das pesquisas presidenciais na Colômbia não é totalmente confiável e a possibilidade de erro é muito alta. Mas, ao mesmo tempo, estes argumentos se confundem quando se fala que as mesmas pesquisas apontam uma alta popularidade do atual presidente, a pergunta é: porque as ultimas pesquisas são confiáveis e as primeiras não? Até que ponto as pesquisas foram manipuladas neste país "do sagrado coração"? Porque os institutos de pesquisa não divulgaram a tendência à queda do candidato verde? A Missão de Observação Eleitoral denuncia em diferentes regiões do país houve compra de votos a favor do candidato uribista; há denuncias que apontam que a militantes do Polo Democrático foram negadas credenciais que dão a possibilidade de participar como testemunhas eleitorais no Estado de Maracaibo na Venezuela. No México houve restrição da entrada de polistas à embaixada colombiana para votar. Com isto é quase impossível negar a corrupção que sempre caracterizou à sociedade colombiana e que tem se mantido através de sua oligarquia e de famílias políticas capazes de agitar a maquinaria política em seu favor.

Deixando um pouco de lado o questionamento das pesquisas de opinião no país que geram mais de uma dúvida, vamos ver quem são os dois candidatos que disputam em segundo turno a presidencia da Colômbia.
J.M. Santos é filho de uma das famílias mais tradicionais da Colômbia, família de jornalistas e políticos, donos do jornal mais importante do país, El Tiempo, o avó de J.M., foi presidente da república nos anos 40. O primo de Juan Manuel é o atual vicepresidente. Santos foi ministro da defesa no governo Uribe, cargo a partir do qual se coordenou um dos golpes mais duros que sofreu a guerrilha das Farc até hoje, o bombardeio à base do líder Raul Reyes no vizinho país Equador, violando com isso todos os tratados internacionais de soberania dos Estados. J.M. foi autor também da chamada operação Jaque, na qual foram libertados 14 seqüestrados, entre os quais a famosa Ingrid Betancourt e 3 americanos mantidos reféns durante 7 anos pelas Farc. Essa liberação usou indevidamente os logotipos da Cruz Vermelha Internacional para enaganar à guerrilha. Nas últimas semanas, foi descoberto um dossié oculto no Departamento Administrativo de Segurançã com instruções para ameaçar à oposição. O dossier tem fichas de pessoas físicas que deviam ser vigiadas, ameaçadas e capturadas por representar uma ameaça ao Estado. Detalhe, o DAS e um organismo que depende diretamente do Ministério da Defesa e do Presidente da República.
O Partido Verde elegeu a Antanas Mockus como representante para as eleições presidenciais. Mockus foi duas vezes prefeito de Bogotá e reitor da Universidade Nacional. É acadêmico, representa o câmbio de uma oligarquia hegemônica a uma força independente. Em março deste ano as pesquisas mostravam uma intensão de voto por este candidato de só 10%, em maio as pesquisas apontavam empate técnico entre Mockus e Santos, com 34 e 36%, e uma vitória do primeiro no segundo turno.
Tudo o que é sólido se desmancha no ar. As pesquisas agora não falavam isso e o resultado foi 46% para Santos, 21% para Mockus.
Vamos ter verde esperança para ganhar!